Caro leitor, este é o blog "Cronistas Suburbanos". A intenção deste blog é falar do lado B da cultura do Rio de Janeiro, mais especificamente da Zona Oeste Carioca. Traremos para o leitor o que é produzido de melhor neste canto da cidade, às vezes esquecido pelo poder público: teatro, cinema, arte, a vida na região, cultura e o simpático comportamento da população de forma geral. Comente e compartilhe à vontade.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Em aproximadamente 16 minutos o amor acabará



Trem da Supervia - Rio de Janeiro
Por Allan Duffes

Uma relação de amor e ódio. É a melhor definição para o conturbado namoro da Supervia com os moradores da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Todos os dias, um batalhão de gente embarca nos trens nas 15 estações localizadas nesta região da cidade, e cada embarque uma nova emoção. Ao chegar à estação, a expectativa é que tudo ocorrerá bem, mas a grande verdade é que ao passar da roleta o passageiro está entrando em uma aventura desconhecida e provocadora. Afinal, o que falar desta empresa que bem conheço e considero "pakas"?

Muita consideração sim, até porque com muito carinho uma simpática voz agradece à todos pela preferência, já que a outra opção seria atravessar com ferocidade os engarrafamentos da Avenida Brasil. E o que faz as mesmas pessoas utilizarem o mesmo serviço se não for pela qualidade? Justamente pela segunda opção ser uma ideia de jerico. Enfim, bom dia dado pela Supervia é só esperar o trem aparecer. É aí que está o melhor da festa: o momento em que o tempo para, pois se ouve que ele chegará em três minutos, mas passam dez e nada.

Com a paciência já no fim e o atraso estourando, lá vem o trem repleto de surpresas e emoções. Atualmente os cultos dentro dos vagões não são mais tão frequentes (ainda bem), mas o que deixa o passageiro feliz é a preocupação da concessionária com a afetividade pública. Com o trem lotado, as pessoas são forçadas a se abraçarem e, por isso, talvez desejem um ótimo dia, até porque nada melhor que ir para o trabalho abraçado com quem você não conhece.

O melhor de tudo é a central de distribuição e armazenagem de alimentos e quartel-general dos microempresários do trem, localizada na belíssima e cheirosa estação de Padre Miguel. Lá, dezenas de profissionais alimentícios entrarão para oferecer o que se tem de melhor no setor gastronômico dos passatempos de uma viagem ferroviária. Além disso, podem ser encontrados livros com cursos e utensílios domésticos de última geração.

No fim, ao analisarmos uma viagem de trem a partir da Zona Oeste, podemos chegar à conclusão que isso não passa de uma interessante terapia e uma animada convivência com pessoas que não conhecemos. Quanto aos problemas enfrentados, são meros obstáculos, e muita gente já está convencida de que é preciso vencer as adversidades, porque levar a vida com bom humor é bem melhor que incendiar uma composição.

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