Caro leitor, este é o blog "Cronistas Suburbanos". A intenção deste blog é falar do lado B da cultura do Rio de Janeiro, mais especificamente da Zona Oeste Carioca. Traremos para o leitor o que é produzido de melhor neste canto da cidade, às vezes esquecido pelo poder público: teatro, cinema, arte, a vida na região, cultura e o simpático comportamento da população de forma geral. Comente e compartilhe à vontade.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

A barra é da Tijuca, mas a zona é Oeste




Por Allan Duffes

Um dos maiores recalques do Rio de Janeiro pertence aos moradores da Barra da Tijuca, que é um bairro carioca que foi projetado ao primeiro mundo, mas que arranca profundos estresses de quem o visita. Localizado na Zona Oeste seus moradores tentam esconder essa questão e juram que fica na Zona Sul, mas só juram. O conflito está na associação negativa que se faz da região na qual o bairro, considerado nobre, está, porém tudo o que a Barra conseguiu foi ser marcada pelos seus shoppings, trânsito pesado e moradores mal humorados.

O que há de bom na Barra? Incontáveis shoppings, shopping dentro de shopping, praia, mangue (sim, tem um mangue), centro empresarial com shopping, hotéis luxuosos, lugares luxuosos. A Barra é definitivamente o lugar dos ex; ex-pobres, ex-realengo, ex-campo-grande, que mudam completamente pelo poder aquisitivo elevado. A terra das madames e dos playboys desperta um desconforto em quem o frequenta pelos engarrafamentos e o “nariz em pé” dos moradores. Esse nariz em pé é uma clara rejeição ao lugar de onde vieram ou talvez seja apenas uma ostentação de quem mora no primeiro bairro a receber a fibra ótica da Oi (o que tornou tudo muito importante porque a Oi não conseguia fazer o troço funcionar. Mas isso é outro assunto).

A Barra da Tijuca é realmente um lugar separado de tudo que existe nesta linda cidade por um motivo: possui uma favela, disfarçada de comunidade, separada para não manchar o lugar (como se manchasse), mas que é a primeira visão de quem chega da Zona Sul. O Rio das Pedras é o lugar que a Barra rejeitou; logo não teria na Barra uma favela? Não teria na Barra um baile funk? Tem sim e é motorizado pela galera que invade o bairro de BRT e futuramente virá pelos trilhos. Isso é negativo? De todo modo não, porque a cidade é para todos e os moradores de lá precisam entender isso. Eles se isolam nos shoppings pensando que ninguém vai chegar lá por causa dos altíssimos preços das lojas, mas nem fazem ideia de que tudo aquilo ali é mais barato nos bairros mais nobres que a própria Barra, e que só é tudo uma fortuna porque tem gente para pagar.

O bairro que faz questão de se separar da Zona Oeste, que está separado por uma montanha imensa da Zona Norte e que não consegue aceitação da Zona Sul estaria aonde? Seria uma espécie de município separado? Eles poderiam fazer como a galera do Recreio e aceitar a Zona Oeste como coisa inevitável da vida e abraçar o BRT como se fosse um fruto de novas visitas bem humoradas. Isso ainda está longe de acontecer, mas a única verdade é que a sociedade de poder aquisitivo mais baixo não dá muita importância para as viradas de rostos e segue indo para a Barra curtir uma boa praia e ignorar as placas de correntezas.

A Barra da Tijuca ainda tem outro problema, que a faz de alvo de rejeição: tudo é longe e só é possível de carro, mas isso se dá alta quantidade de prédios e condomínios fechados e nem todos possuem mercados dentro. A grande verdade é que a Barra é um bairro, abarrotada de bairros dentro, que são os condomínios construídos como verdadeiras cidades onde os moradores não têm motivos para sair de lá para o lazer. A vida na Barra, mais parece entre paredes. Vida feliz? Não se sabe, mas há de se pensar que viver com regras de etiquetas que foram aprendidas em cursos, talvez não seja muito confortável. O legal mesmo é andar na rua e saber ao menos quem são os vizinhos.

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